quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Desilusão anunciada

A película que passo a apresentar é, mais uma vez, tal como este espaço lúdico assim ordena, um título miserável e altamente prejudicial para quem teve oportunidade de ver. Não tão prejudicial como o ataque de um chimpanzé,  mas mais prejudicial como saber que nos metemos com a pessoa errada, que ela é duas vezes mais forte que nós, mas mesmo assim, temos de mostrar virilidade fazendo-lhe frente, sabendo de antemão que nos vamos aleijar mas compelidos a experimentar.
Foi exactamente isto que aconteceu comigo. Eu estava contente da minha vida (na altura com os meus 16 anos), quando dois amigos meus, sobre os quais tenho imensa estima, tal e qual como a Betty Grafstein tem por plásticas (ou se preferirem auto-deformação compulsiva), me falaram num filme mesmo assustador que tinham visto já há tempo. Eu levei em conta a opinião deles pois na maioria das vezes os nossos gostos são idênticos no que respeita à sétima arte. Em conta levei  também a vontade deles em rever o filme, que havia sido tão espectacular e assustador e com o qual não se calavam. Referi à pouco que tinha 16 anos quando tal caso se sucedeu, e foi nesta idade ou no ano anterior que se deu o meu brotar para apreciação de cinema mais exigente e de acordo com as bizarrices que me satisfazem. Esta era aquela fase em que, creio eu, toda a gente que gosta de ver uns filmes porreiros passa, e que, inevitavelmente começa a ver que os filmes da infância afinal não são assim tão bons, que aqueles grandes ídolos do antigamente são um bocado canastrões na arte da representação, e sobretudo que há, indubitavelmente, fórmulas pré-estabelecidas para os filmes dentro de cada género, sejam eles comédias românticas, terror, acção, etc.
Chegando ao videoclube (sim, na época ainda pouca gente sacava filmes de uma forma tão bruta como o Don Frye a arrear no Takayama e tínhamos de recorrer a tal estabelecimento) seguimos para a secção de vídeos em formato VHS, vulgo cassetes de vídeo (eu sei, eu sei, são coisas velhas e desactualizadas, mas não se preocupem que as referências ficam por aqui, num outro capítulo abordarei a temática das máquinas de escrever e dos comboios a vapor).
Lá passeámos, não mais do que 10 minutos, na secção dos monos, à procura de tal pérola do horror, até que os meus amigos, por fim, identificaram a película, A CASA DO PASSADO (ou House on Haunted Hill, remake de um filme com o mesmo título datado de 1959). Assim que peguei na caixa do filme vi lá Geoffrey Rush, mais uma cambada de actores desconhecidos na época, mas que não foram além de uma Jean Grey nos X-Men, a gaja loura com dupla personalidade do Heroes e o Peter Gallagher que a melhor coisa que fez foi entrar numa série fixolas chamada Californication. Após a leitura da sinopse a premissa tinha ido da excitação e da curiosidade para a desconfiança total. Trata-se de um filme sobre um marmanjo milionário cheio da guita e excêntrico, que tem uma casa assombrada e paga uma quantia exorbitante a quem lá for passar uma noite. Lá vimos o raio do filme e foi assim que A CASA DO PASSADO ficou realmente a fazer parte do meu passado (bacana esta afirmação, tipo bué da cena de ligar uma referência ao título e gozar, né?).




Através do trailer não é possível observar a estapafurdice em que esta perda de tempo apelidada de filme se baseia, sendo uma caixinha de surpresas. A verdade é que à medida que o visionamento do filme se ia aprofundando, os meus amigos que haviam apreciado tanto este filme no passado (trocadilho macaco com o filme outra vez), estavam agora agora a participar comigo na acção imperativa de o denegrir, pois nem sequer dá para gozar de tão rasco que é, (tipo aqueles filmes detestáveis do Ernesto a combater monstros).
Todavia, nada nos havia preparado para a cena final do filme, a qual os meus amigos já não se lembravam com pormenor e que fui completamente apanhado de surpresa sem qualquer tipo de preparação, como este desgraçado. A surpresa está numa frase deste guião ranhoso que ficou gravada na minha memória e no meu passado (não resisti de novo) para sempre, e que, pelos vistos, resulta mesmo no caso de se encontrarem numa situação enrascado de futuro (futuro, antítese de passado, ops, BOOYAH, outra vez a referência nice!)
Agora já sabem o que gritar para vos livrar de problemas, isto é, se um cigano vos tentar roubar gritem, I WAS ADOPTED, se tiverem uma dívida lixada ao fisco, I WAS ADOPTED, se tiverem um acidente de carro enquanto bêbados, I WAS ADOPTED, se enfiarem cenas estranhas no rabo e tiverem de ir tira-las ao hospital, bem isso é lá com vocês, não tenho nada a ver com isso...

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